Não é raro uma criança, ou até mesmo um bebê, que veja pessoas lendo ao seu redor, imitar o gesto. A criança pega o livro, às vezes até de cabeça para baixo, e coloca próximo ao rosto. Quando já sabe falar, inventa palavras ou frases inteiras e até mostra para quem estiver por perto conferir que o que está nas páginas é aquilo mesmo que ela está dizendo. É que a criança lê primeiro o mundo em que vive, antes de ser alfabetizada. Quando vem a leitura dos livros é uma festa de quem está em volta e a criança se sente impelida a decodificar mais e mais as páginas, os rótulos do que está nos armários de casa, as placas nas ruas… Por vezes a pressão do ambiente escolar para que aquela criança que tanto sonhava com o ato de ler, leia e memorize páginas e mais páginas abafa a paixão pelos livros. Torna obrigação o que nasceu para ser um ato político, um ato de criação e de liberdade, que é decifrar a expressão escrita da expressão oral. Nossos filhos e alunos para amarem a leitura dos livros devem manter a capacidade de ler a palavramundo, já que a profundidade do mergulho do leitor em um texto que lhe esteja em mãos depende da leitura que ele faz do mundo e de sua própria vida. Feliz dia do livro!