Tem a mãe que está há um ano trancada com a criança dentro de um apartamento vendo pela sacada a pracinha cheia de pais e filhos brincando despreocupadamente. Tem a mãe que não vê o filho adulto há meses porque ele trabalha na área da saúde e teme contaminá-la estando em plena pandemia. Tem mãe que morre de saudade da própria mãe, porque mãe longe é saudade que não passa, e o netinho perguntando pela avó não dá sossego. Tem mãe atípica que virou terapeuta do próprio filho mas sente que está em falta todos os dias, que é cheia de limitações, que a cria deve estar cansada de tê-la 24 horas pegando no pé. Tem mãe com a casa limpa e cheirosa de bolo, que fez exercícios e regou as plantinhas mas dormiu só cinco horas na noite passada. Eu sou todas elas. Nós somos. As mães.